E finalmente o Green Card chegou.
- Samara Muniz
- 11 de jan.
- 2 min de leitura
Nossa, por muitas vezes pensei que esse dia nunca ia chegar. Quantas vezes me peguei pensando: “Alguém chegou há menos tempo que eu e já conseguiu o documento?”. Quanto mais eu tentava ter controle sobre a minha jornada, mais percebia que estava perdendo o controle.
E então, de repente, esse cartão chegou em casa. Tudo se tornou real. Mas, pensando bem, não foi tão de repente assim. Foram 10 anos dessa caminhada. Dez anos de lágrimas, desafios, conquistas e superação. Durante esses 10 anos, eu apliquei para o processo de imigração canadense e até coloquei meu nome na lista do governo da Nova Zelândia — tudo para ter um plano B e C.Nesse tempo, vi pessoas dizendo que eu nunca conseguiria trabalhar na minha área ou mantendo-se por perto apenas para alimentar seus próprios egos por ter alguém em uma situação pior. Mas também conheci pessoas novas e genuínas, saí da minha bolha, construí uma família e superei coisas que eu nem imaginava serem possíveis.
Caramba, percebi uma força sobrenatural dentro de mim, que acredito fielmente ter vindo de Deus, porque eu não tinha capacidade emocional ou física para enfrentar tudo o que enfrentei.Cada um tem sua jornada de imigração, e talvez você, lendo isso agora, esteja se perguntando: “E quando será que meu documento vai chegar? Ela conseguiu depois de 10 anos, e eu que estou aqui há 15, 20 ou mais?”.
Eu entendo que a vitória do outro, às vezes, acende nossas próprias dores. É como um holofote sobre nossas vulnerabilidades e medos. E não há palavras que eu possa dizer agora que realmente te confortem. Mas há algo em que você pode refletir:Quem é você nessa trajetória? O que você já superou? Quais foram os momentos de dor que te quebraram ao meio, mas, de alguma forma, você sobreviveu? O que te fez ou ainda faz ser você?
Isso aqui não é sobre ter um Green Card. É sobre ter coragem de começar uma jornada e continuar nela. Porque você não é mais a mesma pessoa que deixou seu país de origem. Mas também não é uma pessoa totalmente pertencente ao país que agora chama de lar. Você é alguém com uma identidade expandida, onde o mundo inteiro se tornou parte de suas raízes.
Qualquer lugar é, ao mesmo tempo, tudo e nada. Você desenvolveu a habilidade de criar uma casa, mesmo que essa “casa” seja apenas um quarto compartilhado.
Isso aqui é sobre entender que ser forte é doloroso, mas também é transformador.
Sabe o que realmente chegou? Um novo “eu”. E posso te garantir: o cartão é só uma parte do processo. Nem de longe ele é o processo inteiro.
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